segunda-feira, 18 de junho de 2012

AI COMO SOU BANDIDA!!!!!

31 DE MAIO DE 2012 O milagre do cachorro-quente Só a fé e o suor 24 horas para explicarem o sustento de cinco famílias, tirado no carrinho de cachorro-quente. No alto do Mangabeiras, antes da bênção do Papa João Paulo II, em 1979, o ambulante José Alves de Oliveira, de 60 anos, deu início a história de luta movida por pão com salsicha. Atualmente, quatro endereços, com filhos, água, luz e telefone, em turnos alternados, são mantidos pela venda de aproximadamente 1,2 mil unidades – mais água, suco e refrigerante. “O sinhozinho da pipoca diz que não sabe como um carrinho só sustenta tanta gente. Ele diz que é ‘mistério de Deus’. É bênção e trabalho”, considera Silvana Gomes da Silva, de 29, plantonista do dia, moradora do Bairro Palmital B, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Vestida de jaleco e chapéus brancos, símbolo do asseio e capricho que ajudam a dar credibilidade ao negócio, Silvana conta que começou no ramo, pequena ainda, acompanhando o pai. “A gente vinha criança para brincar na praça. Depois, viemos para trabalhar”, relembra a herdeira de José Alves, que, em 1996, ampliou a jornada de 18 para 24 horas. Duas gerações, reunidas, somam histórias. É tarde de lembranças. A mãe de Silvana, Ana Neusa, de 56, nascida em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, confessa que, no início, com a chegada dos filhos, teve medo de passar necessidades. “Com o tempo, a gente viu que para Deus nada é impossível”, sorri. A luta agora das famílias é pela aquisição de veículo automotor para promover o negócio a microempresa. O carrinho, personagem da notícia, é bancada sobre rodas, feita em alumínio, padronizada e regulamentada pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), que, desde o Código de Posturas, não licencia mais veículos de tração humana. Bem a vista, Documento Municipal de Licença (DML) validado e plastificado. A placa modesta exibe “Hot Dog Especial Mangabeiras” no vermelho e azul da pequena tenda protetora. Sobre a plataforma mínima, o estoque de pães e bebidas. Há ainda lampião tinindo, dependurado, para as noites que reviram madrugadas. Do lado de fora, sobre o teto, sombrinhas e lonas guardadas para os dias mais difíceis sob as águas. “Quando chove é um problema. Os clientes não tem onde se esconder”, lamenta Silvana, que aponta a falta de banheiro como outra parte complicada do negócio: “A gente tem que ir lá em cima, no Instituto Hilton Rocha”. Na lida com os cachorros-quentes a família cresce. Renata Priscila de Souza Peixoto, de 23, estava de parto marcado a semana. Está feliz da vida com a chegada das gêmeas Ana Júlia e Ana Luiza. Casada há dois anos com o cobrador Átila de Souza, de 26, a ambulante reveza as jornadas diurnas com Silvana, mãe de Lucas, de 4, e Mateus, de 8. Às noites, com uma folga por semana, quem cuida do ponto é Otacílio Rosa da Paixão, de 63, outro que ganha o pão na Praça do Papa com o carrinho, “mistério de Deus”. Renata e Átila, enamorados, demonstram o orgulho da vida multiplicada com a bênção dos pães. Os dois são mimo e chamego com Belo Horizonte emoldurada ao fundo. Ela usa o banquinho de madeira para ajudar com o peso de 38 semanas das duas bebês. Ele, companheiro, é só cuidado com o barrigão da mulher. “A gente não imaginava duas crianças. A intenção agora é crescer mais e tentar dar um futuro melhor para as meninas. Não que o nosso tenha sido ruim. Queremos dar a elas condição de estudar. E uma família unida, né, amor!?”. O marido sorri em resposta e não se contém: “Tenho uma excelente esposa. Agora a responsabilidade é bem maior, com três moças no meu pé…”, sorri. Átila, que trabalha desde os 14 anos, fala em voltar a estudar para ajudar ainda mais a família com os negócios. Renata, de vestido longo, florido, vê com olhos de admiração os planos do marido.

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